21.11.04

 

A greve

Ainda antes de ouvir falar na greve do TPC, difundi na rádio, um extracto de uma declaração do pediatra Mário Cordeiro, onde este defendia a proibição dos trabalhos de casa. No momento seguinte, a minha colega, dentro do estúdio fez questão de enviar um recado, em directo para a filha, dizendo que se ela estivesse a ouvir, mais logo teriam de conversar sobre o assunto, dando a entender que não era bem como o médico tinha dito. Ainda estava a respirar desta reacção, quando um ouvinte estava ao telefone a chamar todos os nomes ao Mário Cordeiro, e criticando-me por ter colocado uma declaração daquelas num espaço noticioso, quando mesmo num programa de humor, aquilo que o médico disse teria pouco cabimento.
Uma semana depois, ouvi falar da greve, com o mesmo Mário Cordeiro a ponta de lança, a encher todas as televisões.
Fiquei satisfeito, porque em tese, concordo com o Mário Cordeiro.
Os meus filhos ainda não tem TPC, e passam em média, oito horas por dia no jardim de infância. Eu trabalho sete horas por dia.
Quando os meus filhos estiverem na escola básica, eu não terei moral para lhes pedir que trabalhem mais do que eu trabalho, nem lhes posso exigir que tragam trabalho para casa, quando eu próprio não o devo levar.
Além disso, ando a ouvir muita gente que os pais não fazem a sua parte na educação dos filhos, deixando tudo para a escola. Ora, está aqui uma razão, para não existirem TPC. Em vez de um ou duas horas de matemática ou ciências na secretária do quarto, porque não educação social, noções de civismo, e debates morais, na mesa da cozinha, ou no sofá da sala?





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