28.3.05
A viagem
Salut!!
"Acabei agora de almoçar. Bebi um copo de três, um café, e dois uisques. Não me apetece nada trabalhar!!
Convenhamos que não é um bom início de conversa para uma viagem de taxi. Especialmente se a confidência for feita em voz alta, pelo homem que vai ao volante. Para lá dos 50 anos, baixo, apesar de não querer trabalhar, apetece-lhe falar, mesmo sem perguntar se alguém o quer ouvir...
"Logo vou para Sevilla (dito assim, com acento castelhano). É a terra da minha mulher. Só lá vou três vezes por ano: Natal, férias e Páscoa. Já fui mais, quando a mãe dela era viva. Agora, só lá está o velho, e ainda por cima vive em casa de um cunhado. Mas quando lá chega, vai ter em cima da mesa um Pata Negra, para eu dar cabo dele."
Esta história já deu para chegar da Castilho à antiga entrada do túnel das Amoreiras. Ou seja, 200 a 300 metros. O governo deu ponte aos funcionários, e por isso o trânsito está pouco recomendável. O pior é que saí dez minutos antes da hora da coisa, e já passaram sete minutos.
"Então o juiz tinha lá o assassino e deixou-o sair para passar o Natal? Coitados dos rapazes!"
Algo desperta a atenção do homem.
"É pá, o euromilhões!! Só se pode pôr até hoje?" Respondo-lhe que não. Até amanhã, às sete da tarde. "Mas amanhã é feriado", contrapõe. "Veja lá como são as coisas. Noutro dia, a minha mulher foi marcar uns cartões. São números fixos que ela marca sempre, e uma amiga, uma senhora já velhinha, pediu-lhe para marcar o 212. Eu sou diabético, e nesse dia fui medir a diabetes e a máquina marcou 212. Quando cheguei com a minha mulher lá ao sítio, ela foi lá dentro, marcou os cartões, e voltou. E estava a contar-me da amiga que tinha pedido para marcar o 212. Eu lembrei-me da máquina e disse-lhe: Espera aí! Saí do carro e marquei seis cartões no 212. E não é que saiu! A mulher ganhou 600 contos e eu 3600!"
Esta história serviu para atravessar Campo de Ourique.
Estamos a chegar. Pergunta ele, nas traseiras do edificio da presidência do conselho de ministros, se eles trabalham hoje. Digo-lhe que sim.
Pago. Passam 10 minutos da hora para o início da coisa. Mas as primeiras medidas do governo Sócrates só serão apresentadas mais à frente.
Bye!!
"Acabei agora de almoçar. Bebi um copo de três, um café, e dois uisques. Não me apetece nada trabalhar!!
Convenhamos que não é um bom início de conversa para uma viagem de taxi. Especialmente se a confidência for feita em voz alta, pelo homem que vai ao volante. Para lá dos 50 anos, baixo, apesar de não querer trabalhar, apetece-lhe falar, mesmo sem perguntar se alguém o quer ouvir...
"Logo vou para Sevilla (dito assim, com acento castelhano). É a terra da minha mulher. Só lá vou três vezes por ano: Natal, férias e Páscoa. Já fui mais, quando a mãe dela era viva. Agora, só lá está o velho, e ainda por cima vive em casa de um cunhado. Mas quando lá chega, vai ter em cima da mesa um Pata Negra, para eu dar cabo dele."
Esta história já deu para chegar da Castilho à antiga entrada do túnel das Amoreiras. Ou seja, 200 a 300 metros. O governo deu ponte aos funcionários, e por isso o trânsito está pouco recomendável. O pior é que saí dez minutos antes da hora da coisa, e já passaram sete minutos.
"Então o juiz tinha lá o assassino e deixou-o sair para passar o Natal? Coitados dos rapazes!"
Algo desperta a atenção do homem.
"É pá, o euromilhões!! Só se pode pôr até hoje?" Respondo-lhe que não. Até amanhã, às sete da tarde. "Mas amanhã é feriado", contrapõe. "Veja lá como são as coisas. Noutro dia, a minha mulher foi marcar uns cartões. São números fixos que ela marca sempre, e uma amiga, uma senhora já velhinha, pediu-lhe para marcar o 212. Eu sou diabético, e nesse dia fui medir a diabetes e a máquina marcou 212. Quando cheguei com a minha mulher lá ao sítio, ela foi lá dentro, marcou os cartões, e voltou. E estava a contar-me da amiga que tinha pedido para marcar o 212. Eu lembrei-me da máquina e disse-lhe: Espera aí! Saí do carro e marquei seis cartões no 212. E não é que saiu! A mulher ganhou 600 contos e eu 3600!"
Esta história serviu para atravessar Campo de Ourique.
Estamos a chegar. Pergunta ele, nas traseiras do edificio da presidência do conselho de ministros, se eles trabalham hoje. Digo-lhe que sim.
Pago. Passam 10 minutos da hora para o início da coisa. Mas as primeiras medidas do governo Sócrates só serão apresentadas mais à frente.
Bye!!
