4.5.05

 

As hortas da Amadora

Salut!!

De acordo com o INE, o concelho de Amadora é um dos poucos do país, que coincide territorialmente com a cidade. Ou seja, o concelho é todo ele solo urbano.

Apesar disso, existem manchas verdes, ou na opinião de alguns, nódoas verdes, que importa suprimir, a bem do desenvolvimento sustentado da "cidade jovem".

Vem isto a propósito de um grande texto de jornalismo, de um grande jornalista, José António Cerejo, hoje impresso no "Público". Deixo apenas alguns excertos, chamando desde já a atenção para a última frase, que é uma conclusão demolidora, para os nossos ordenadores de território sem formação sociológica. 

 "A Câmara da Amadora vai acabar com as centenas de pequenas hortas que ladeiam o IC19, a EN117 e a CRIL. Há duas semanas a Polícia Municipal procedeu à demolição de um improvisado abrigo criado por um hortelão de fim-de-semana na saída do IC19 para Alfragide e, na segunda quinzena de Junho, está previsto o início de uma operação gradual de remoção de barracas e vedações.
"Não temos nada contra as hortas, mas é preciso requalificar os taludes dessas vias, até por razões de segurança", afirma o vereador dos Espaços Verdes, Gabriel de Oliveira. O objectivo do executivo municipal consiste em "tratar todos esses taludes de uma forma gradual, à imagem do que foi feito na saída do IC19, na zona do Borel".(...)
"Uma coisa são as hortas e temos tido uma política bastante liberal em relação a elas. Outra coisa é a construção de barracas e de vedações", diz Gabriel de Oliveira, acrescentando que o município vai ser também "muito rigoroso em relação ao roubo de água das redes públicas para rega" de algumas dessas plantações. Na opinião do autarca, o desmantelamento dos múltiplos espaços que sazonalmente dão cor e vida às encostas sobranceiras às vias rápidas é uma exigência de segurança, "não só para quem ali trabalha, mas também para os automobilistas" que ali circulam. "Nós aceitamos aquilo só porque estamos em Portugal. No entanto aquilo viola as regras do instituto das estradas e constitui um perigo".(...)
Embora admitindo que prefere ver ali ervilhas, favas e batatas do que terrenos abandonados - "como o instituto das estradas os deixa sempre depois das obras" -, Gabriel Oliveira garante que aqueles espaços, pela sua acentuada inclinação e pela proximidade de estradas de grande movimento, não são aproveitáveis para hortas com um mínimo de condições.
Já no que respeita à criação de hortas colectivas, em terrenos camarários devidamente infra-estruturados como defende o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, o autarca diz que o município da Amadora não dispõe de espaço disponível para esse efeito.(...)
O primeira dos apoios às hortas removido pela Polícia Municipal da Amadora, há duas semanas, foi um pequeno abrigo demoradamente erguido com toda a espécie de restos de obras, no início deste ano, junto a uns pequenos canteiros com 24 couves. Nos próximos meses, as tabernas dos vizinhos bairros da Cova do Vapor e do Zambujal vão passar ter mais clientes aos fins-de-semana."

Bye!!






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